CARTA ABERTA DE ARTISTAS, COLETIVOS, ASSOCIAÇÕES QUE ATUAM NO SEGMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA À EXMA SRA MINISTRA DA CULTURA MARGARETH MENEZES E SR SECRETÁRIO EXECUTIVO DO MINC MÁRCIO TAVARES
Nós artistas com deficiência e representantes de Coletivos e Associações que atuamos no segmento da pessoa com deficiência, integrantes dos diversos setores das artes e da cultura em geral, em luta por políticas culturais democráticas acessíveis e inclusivas, primeiramente enfatizamos que:
1. as políticas, ações, atitudes devem pautar-se pelo respeito e reconhecimento das pessoas em suas identidades plurais e diversificadas, considerando a sua dimensão humana e cidadã e não a deficiência e,
2. reivindicamos a participação e a representatividade das pessoas com deficiência como sujeitos na formulação, execução e avaliação das políticas públicas de cultura, assim como em qualquer outra instância da vida, ou seja, “Nada sobre nós, sem nós”.
Diante da recorrente precarização do trabalho de artistas com deficiência, que não costumam receber incentivo e recursos para suas criações, apresentamos as considerações que seguem visando implementar ações efetivas que possibilitem o atendimento às demandas desses profissionais, estimulando a criação de acessos, espaços e práticas apropriadas:
1 - Que sejam consultados os artistas com deficiência através de suas representações coletivas, fóruns ou Pontos de Cultura e respeitados como formuladores de políticas culturais, sempre que novas iniciativas de incentivos e fomento às artes e à cultura, fundos setoriais, orçamento participativo e políticas públicas para o setor integrem os projetos de governo em todas as esferas do Estado brasileiro (Municípios, Estados e União).
2 - Que sejam redefinidos os meios de acesso aos incentivos governamentais como, editais e ferramentas e priorizadas políticas de incentivos aos artistas com deficiência, de modo a permitir que grupos historicamente mantidos a margem possam usufruir, de forma equânime, das oportunidades de acesso aos recursos públicos destinados à cultura.
3. Que seja prevista, por meio das políticas e projetos de incentivos e fomento às artes, a formação dos artistas com deficiência, bem como o acesso aos requisitos da burocracia estatal de editais e licitações, os quais, muitas vezes, pela exigência técnica especializada e falta de acessibilidade comunicacional impossibilita a participação de artistas com deficiência.
Expostas tais considerações, apresentamos as seguintes prioridades no que tange as necessidades quanto às oportunidades de formação, acesso, profissionalização, além do reconhecimento e divulgação de sua produção artística.
1. Investimento na profissionalização - Garantir incentivos e recursos orçamentários para formação de profissionais com deficiência na área da cultura e para implantação e/ou manutenção de grupos, companhias, projetos artísticos, culturais e educacionais somando esforços das organizações ligadas às artes e atendimento à pessoa com deficiência promovendo mostra de arte, festivais, exposições e movimentos outros centrados na arte das pessoas com deficiência.
2. Legitimação da produção artística para além dos círculos inclusivos, incentivando a difusão profissional de trabalhos de forma a circular em espaços culturais não segmentados e o recebimento de cachês condizentes que possibilitem a sustentabilidade dos artistas com deficiência, trabalhadores/as da cultura.
3. Apoio, facilitação e desburocratização para a contratação de artistas com deficiência, principalmente os iniciantes discutindo como é o modelo de contratação atual e como poderia ser flexibilizado visando ampliar a contratação desses profissionais.
4. Assegurar a execução das produções culturais e artísticas de pessoas com deficiência durante todo o ano e não somente nas datas comemorativas tais como: Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (setembro) ou Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (dezembro).
5. Implantar Comissões Permanente de Acessibilidade em todas as instâncias públicas que atuam no setor cultural consolidando os direitos sociais e culturais das pessoas com deficiência, devidamente legitimados na LBI-Lei Brasileira de Inclusão.Essas são as posições iniciais que reivindicam artistas com deficiência para governantes e gestores públicos da cultura, neste momento de reconstrução de valores democráticos corrompidos nos últimos anos visando suprir uma demanda reprimida uma vez que a oferta de oportunidade, de valorização e reconhecimento de seus trabalhos continua sendo inexpressiva.
Assinam inicialmente esta Carta:
Leda Maria Tronco
Suely Aparecida Rezende dos Santos
Aparecida Pereira Rosa Dehira
Marco Rogério de Araújo Silva
Coletivo Mobilização Artística
Ponto de Cultura Comunidade Cidadã
Coletivo Entra na Roda
Ponto de Cultura Ritmos do Coração
Demais artistas, coletivos, movimentos, OSCs subscritos...
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