Objeção à correção e lançamento de resultados da Avaliação Contínua da Aprendizagem – Ciclo I e II
Ao Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd)
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
À atenção do Ministro de Estado da Educação Camilo Santana
Objeto da objeção: Avaliação Contínua da Aprendizagem – anos finais - Ciclo I e II
Prezados Senhores,
Nós, docentes e profissionais da educação vinculados à Secretária Municipal de Educação de Itajaí, vimos, por meio desta, manifestar nossa objeção e preocupação com a condução da Avaliação Contínua da Aprendizagem no Ciclo 1, e, posteriormente, já marcada, Ciclo 2, que se encontram sob a responsabilidade do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Ministério da Educação.
Primeiramente, registramos nossa insatisfação pela falta de formação inicial oferecida aos docentes para que estes pudessem adquirir amplo conhecimento sobre o programa de avaliação. A ausência de capacitação adequada tem dificultado a implementação eficaz das diretrizes e ferramentas, impactando negativamente a qualidade e a fidedignidade dos resultados obtidos.
Os cronogramas e prazos estabelecidos são incompatíveis com a jornada de trabalho dos professores, o que sobrecarrega os profissionais sem a devida compensação. A ausência de remuneração adicional para as atividades de aplicação, correção e qualificação é inaceitável, especialmente considerando o volume de trabalho extra imposto. O esforço adicional exigido, sem qualquer tipo de compensação financeira, desvaloriza os profissionais e desconsidera as condições reais de trabalho enfrentadas. E como se não fosse o suficiente, haverá outra instância de aplicação, Ciclo II, em outubro. O que esperam que mude em dois meses de trabalho? Aqui o propósito só pode ser nos sobrecarregar de trabalho burocrático, uma vez que nós docentes devemos lançar os resultados.
A correção das avaliações, realizada pelos próprios docentes dos alunos, suscita dúvidas quanto à confiabilidade e validade do método de levantamento de dados. O uso de ferramentas desatualizadas e sem compatibilidade com sistemas mobile e navegadores comuns agrava ainda mais a situação, dificultando o processo de avaliação e análise.
As provas de escrita dos alunos são avaliadas segundo critérios de competência semelhantes aos aplicados no ENEM, embora as propostas de redação sejam direcionadas ao ensino fundamental. Critérios de correção incompatíveis com os gêneros textuais propostos causam distorções nos resultados e não refletem o real desenvolvimento dos estudantes.
Acreditamos que tal condução configura uma desvalorização dos docentes envolvidos, que se veem obrigados a dedicar horas de trabalho sem qualificação adequada e sem qualquer tipo de remuneração adicional. Isso não apenas impõe uma carga burocrática excessiva sobre os professores, mas também contribui para a sobrecarga de trabalho, que, para ser cumprida dentro do cronograma apresentado, exigiria a dispensa de outras atividades regulares e essenciais do professorado.
Diante do exposto, solicitamos a revisão urgente do modelo de avaliação e que se retire da responsabilidade dos professores das turmas a correção e lançamento dos resultados das provas.
Absolutamente, mais burocracia dentro da nossa jornada de trabalho não vai melhorar a educação no Brasil, e sim, melhores condições de trabalho, remuneração compatível com nossa formação e custo de vida, melhores condições de estudo para os nossos alunos e tempo para nos dedicar ao que realmente deveríamos ter como prioridade: estudar, planejar e executar excelente aulas e proporcionar ótimas experiências educativas.
Esperamos que tais providências sejam tomadas para assegurar a qualidade da educação e o respeito aos profissionais que a tornam possível.
Sem mais para o momento, permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Docentes da Educação Básica
Greici Lenir Reginatto Cañete Contactar o autor da petição