Manifesto pelo programa Escolas2030

 

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Criando uma educação melhor para todas e todos

Manifesto pelo programa Escolas2030

 


A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Constituição da República, art. 205)

 

Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco, por isso que recusa o imobilismo. A escola em que se pensa, em que se atua, em que se cria, em que se fala, em que se ama, se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim à vida. (Paulo Freire, 1995)

 

Há um ponto de encontro para quem vem criando novos modos de educar. É o programa, que decidiu se engajar nas lutas pelo direito à educação integral, adotada pela Constituição brasileira. Um movimento para, desde já, buscarmos o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável ODS4: a educação de qualidade, que vemos como integral e transformadora.

Integral porque, sendo contínua e permanente, ocorre em todos os ambientes nos quais as pessoas se relacionam e se desenvolvem. Atua nas múltiplas dimensões da experiência humana (física, afetiva, social, cultural, econômica, intelectual ou política) e articula os agentes e setores em propostas compatíveis com seus contextos históricos e territoriais.

Transformadora porque entende todas e todos como potenciais agentes de transformação positiva da sociedade. Concebe as organizações educativas como espaços privilegiados para formar e exercer o senso de responsabilidade por si, pelos outros e pelo mundo.

Mas vive tempos desafiadores quem ousa transformar a educação existente. É preciso formação contínua e reflexiva de professoras/es para fazerem uma persistente análise da sua prática e lidarem com saberes exigidos pela contemporaneidade. Uma tarefa árdua e diária, que envolve mudanças nos formatos da instituição escolar. É isso que já estamos fazendo, num enfrentamento coletivo e imediato.

O Escolas2030 no Brasil, além de atuar em lugares de alta vulnerabilidade social, traz outro enfoque para a avaliação educacional, transcendendo as provas padronizadas das avaliações externas, que desconsideram aprendizagens indispensáveis à qualidade da educação.

A maioria das organizações educativas do programa são escolas, mas há as não-escolares também. Todas se empenham em situar cada estudante no centro de suas propostas pedagógicas, com atividades diversificadas, especialmente a empatia, o autoconhecimento, o protagonismo, a criatividade e a colaboração. Consideram, ainda, as especificidades de crianças, adolescentes, jovens e adultas/os. Não subestimam o campo intelectual, o domínio da língua escrita e do cálculo. Apenas consideram um universo maior de aprendizagens, necessárias inclusive para atingir esse domínio.

No coletivo do Escolas2030 já há instituições que experimentam mecanismos participativos de avaliação e essa variedade de aprendizagens. Diferem dos sistemas oficiais, cujos resultados são principalmente classificatórios, não evidenciam os esforços de professoras/es e estudantes e trazem uma visão limitada de sucesso ou qualidade educacional.

O Escolas2030 muda o jogo ao jogar com as principais jogadoras e jogadores: professoras/es, estudantes, gestoras/es públicas/os e demais pessoas e instituições implicadas na educação integral e transformadora. Tais são os propósitos desse coletivo: agir em comunhão no sentido de (re)inventar um modo de educar, de fazer políticas e pesquisas educacionais no país.

Desde 2019, o Escolas2030 mobiliza milhares de pessoas e fortalece uma rede de organizações educativas dirigidas à inovação, rompendo isolamentos e contribuindo com a visibilidade das suas práticas. Mas esse movimento corre o risco de se encerrar muito antes de seu prazo original.

É um programa de pesquisa-ação, vertente metodológica que apoia educadoras/es e comunidades a pesquisarem suas próprias práticas e a desenharem indicadores de avaliação de aprendizagens. Também engaja secretarias de educação na promoção de condições para a inovação em suas redes escolares, avança nos diálogos com universidades, na pesquisa e no debate sobre equidade. Suas ações formativas presenciais e remotas alcançam milhares de participantes, além de formular coletivamente recomendações de políticas e propiciar a participação de nossa comunidade em encontros regionais, nacionais e globais.

Porém, a partir de 2025, o programa deixará de contar com aquele que foi o seu principal financiador, comprometendo um processo cujo horizonte de dez anos vai até 2030, por requerer tempo para o desenvolvimento dos projetos e para melhor interlocução com os elaboradores de políticas públicas.

Os projetos de pesquisa-ação desenhados localmente apenas iniciaram a sua execução, mas o Escolas2030, para além de sua natureza investigativa, já é uma rede de troca de experiências entre as organizações participantes, opção exemplar na superação do isolamento e fragmentação, que caracteriza o campo da inovação educacional no país. A rede colaborativa fortalece cada integrante e encoraja a continuar inovando.

Isso importa porque o cotidiano da escola acaba impedindo professoras/es de se enxergarem como pesquisadoras/es de sua docência. O mais comum é que as universidades tomem as escolas de educação básica como objeto de pesquisa, com educandas/os e educadoras/es postas/os na condição de “informantes”. No Escolas2030, elas/es passam a atuar como pesquisadoras/es.

É, portanto, um programa de pesquisa e uma comunidade de práticas. Constitui uma eficaz estratégia de formação continuada de profissionais da educação, tanto por seu engajamento contínuo com a pesquisa-ação quanto pelas jornadas formativas ofertadas anualmente pela Faculdade de Educação da USP. Diferentemente do usual, essa formação parte das práticas das escolas participantes e as valoriza.

Em 2022, no relatório da Unesco Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação, centenas de pensadoras/es e pesquisadoras/es identificaram experiências que indicam um futuro da educação mais promissor, sustentável, justo e solidário. Entenderam que a profissão docente deve ser mais colaborativa e diretamente conectada à reflexão rigorosa sobre seu saber-fazer. Essa é a meta atual do Escolas2030: consolidar a rede colaborativa entre a Faculdade de Educação da USP, a organização internacional de ativistas sociais Ashoka e pelo menos 100 organizações educativas brasileiras.

Os resultados alcançados até o momento demonstram o valor e a relevância do trabalho. São procedimentos experimentados para a sistematização das práticas inovadoras cumulativamente desenvolvidas pelas organizações educativas; envolvimento das equipes de profissionais e de educandas/os, inclusive crianças e familiares na elaboração participativa de indicadores de avaliação das aprendizagens. A clareza trazida por esses processos coletivos de investigação possibilita as ações de aperfeiçoamento, ou seja, aprende-se mais e melhor.

O programa Escolas2030 não pode se encerrar ou retroceder. Isso impactaria muito negativamente os territórios nos quais atuam as organizações participantes, mas também a comunidade acadêmica e, numa mirada de longo alcance, a esperança de uma educação à altura das necessidades do povo brasileiro.


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